terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Negócio bom é negócio escrito

Faz já bastante tempo, acompanhei uma negociação verdadeiramente inusitada. Ali por 97, escutei da minha sala a conversa entre um corretor e dois clientes, e fui acompanhar de perto.

Vamos ao caso ou case, como gostam de falar hoje. O corretor havia acabado de mostrar um imóvel e estava já com o cliente comprador na imobiliária, em vias de acolher por escrito uma proposta. Nesse mesmo instante entra pela loja adentro justamente o vendedor do imóvel, que era amigo do comprador. O reencontro dos amigos foi uma festa...

Em pouco tempo, deixando o corretor de lado, vendedor e comprador fecharam o negócio de boca, o tal do fio do bigode. O corretor, já contente e meio assustado pela velocidade e facilidade do acontecimento, ia deixando a coisa seguir.

Assim que pude, argumentei para que as partes deveriam formalizar o fechamento do negócio, já que havia acordo quanto a preço, prazo, entrega, etc. Não houve jeito, os dois amigos insistiram que entre eles não havia nenhuma necessidade dessas formalidades, e saíram da imobiliária aos abraços, com o negócio apalavrado, deixando o pobre do corretor com aquele sorrizão estampado na cara. Então fiquei quieto, pra não passar por chato...

Logo em seguida cobrei do corretor o envio de minuta para o cartório. Foi tudo encaminhado, até que dois ou três dias depois tivemos a notícia: os dois amigões do peito, se peitaram. Brigaram por desentendimento relativo ao negócio e declararam-se inimigos para sempre.

Enfim, o negócio caiu. O corretor se lastimou, refazendo suas contas de comissões a receber... E desde aquele dia o caso dos velhos ex-amigos transformou-se, para aquela equipe de vendas, num paradigma fundamental para os bons negócios.

O resumo da ópera: bom negócio é negócio escrito. É bom para quem compra, para quem vende, para o cartório que providencia as certidões e, logicamente, para o profissional do ramo imobiliário. Já se disse que o que é combinado não é caro, e se está combinado, é melhor escrever, pra ninguém esquecer.


Uma última palavra, de lástima: se o negócio fosse documentado, talvez aqueles dois seguiriam sendo amigos, ainda hoje.


Marco Dias


Fonte: http://blogatuante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários, críticas e sugestões são sempre bem vindos